segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Rosto de Clara de Assis

«Coloca o teu espírito diante do espelho da eternidade, deixa a tua alma envolver-se no esplendor da glória, une-te de coração Àquele que é a incarnação da essência divina, e por esta contemplação, transforma-te toda à imagem da sua divindade. Conseguirás assim experimentar o que só os seus amigos sentem; provarás a doçura escondida que o próprio Deus reservou, desde o princípio, àqueles que O amam.
Sem conceder um só olhar a todas as seduções enganadoras pelas quais o mundo aprisiona os pobres cegos que se agarram a ele, ama então de todo o teu ser Aquele que por teu amor se entregou todo também, Ele cuja beleza é admirada pelo sol e pela lua, Ele que garante recompensas de grandeza e valor sem limites. Falo do Filho do Altíssimo que a Virgem deu à luz sem deixar de ser virgem. Associa-te a esta doce Mãe que deu ao mundo esta criança que os céus não podiam conter; ela que no entanto O albergou no pequeno claustro de seu ventre e O levou no seu seio virginal. (…)
Assim como a gloriosa Virgem das virgens O levou materialmente, assim poderás sempre levá-l’O espiritualmente no teu corpo casto e virginal se seguires o seu exemplo, particularmente a sua humildade e a sua pobreza; poderás conter em ti Aquele que te contem, a ti e ao universo, possuindo-O de maneira bem mais real e concreta do que poderias possuir os bens perecíveis deste mundo.»


3ª carta de Santa Clara de Assis a Inês de Praga



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Santa Clara nasceu em Assis, Itália, por volta de 1194, numa família rica e nobre.
Clara era filha primogénita de Favarone e Hortulana e tinha mais duas irmãs, Inês e Beatriz.
Clara sonhava com uma vida cheia de sentido, que lhe trouxesse uma verdadeira felicidade.
Depois de conversar muito com Francisco de Assis, seduzida pelo estilo de vida de seu amigo que deixara tudo para seguir a Cristo, saiu de casa no Domingo de Ramos de 1212, sorrateiramente em plena noite, acompanhada apenas de sua prima Pacífica e de outra fiel amiga. Foi procurar Francisco na Igreja de Santa Maria dos Anjos, e lá, frente ao altar, o Povorello lhe cortou os longos e dourados cabelos, cobrindo-lhe a cabeça com um véu, sinal de que Clara seria doravante Esposa de Cristo. Nem a ira de seus parentes, nem as lágrimas de seus pais conseguiram fazê-la retroceder no seu propósito. Poucos dias depois, a sua irmã Inês juntou-se a ela, imbuída do mesmo ideal. Mais tarde é a sua mãe, Hortulana, juntamente com a terceira filha Beatriz, que seguiriam Clara, indo morar com ela no convento de São Damião, que foi a primeira moradia das seguidoras de São Francisco.
Ao longo dos tempos, rainhas, princesas e humildes mulheres, escolheram seguir o exemplo de Clara de Assis, para viver, à luz do Evangelho, a fascinante aventura das Damas Pobres, muitas das quais se tornaram grandes exemplos de santidade para toda a Igreja.

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