quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Guiou a barca de Pedro em anos tempestuosos

Hoje, 6 de Agosto, completam-se os 30 anos da morte do Servo de Deus, Paulo VI.
Giovanni Battista Montini nasceu na região da Lombardia, norte da Itália, a 26 de Setembro de 1897.
Foi papa de 21 de Junho de 1963 até à sua morte aos 81 anos, no dia da Festa da Transfiguração do Senhor de 1978.
“Como supremo Pastor da Igreja, Paulo VI guiou o povo de Deus à contemplação do rosto de Cristo Redentor do homem e Senhor da história. Esta amorosa orientação da mente e do coração para Cristo foi precisamente um dos pontos fulcrais do Concílio Vaticano II, uma atitude fundamental que o meu venerado predecessor João Paulo II herdou e relançou no grande Jubileu do ano 2000. No centro de tudo, sempre Cristo: no centro das Sagradas Escrituras e da Tradição, no coração da Igreja, do mundo e de todo o universo”. (Bento XVI, 03/08/2008)
“Fidem servavi” …”Conservei a fé”…nesta expressão paulina pronunciada poucos dias antes de sua própria morte, está condensado todo o pontificado de Paulo VI. Um Papa sereno e firme, apaixonado pela Verdade, que guiou a barca de Pedro em anos tempestuosos para a Igreja e para o mundo.
Eleito a 21 de Junho de 1963, o Papa Montini confrontou-se desde logo com um grande desafio: levar a cabo o Concílio Vaticano II convocado pelo Beato João XXIII, mas que após um entusiasmo inicial corria o risco de afundar-se. Seguindo com cuidado os trabalhos conciliares, intervindo nas questões mais delicadas, este Papa soube “fazer aterrar este grande avião que era o Concílio como mais ninguém o poderia fazer.” (Jean Guitton)
Com o Concílio, a Igreja actualizou-se, fez o seu “aggiornamento”, renovou-se, mas existiram turbulências que fizeram sofrer muito Paulo VI. Algumas palavras do Papa mostraram graves inquietações sobre os frutos do Concílio:
“A Igreja está a passar por uma hora inquieta de autocrítica, que melhor se chamaria de autodestruição, como um problema agudo e completo que ninguém esperaria após o Concílio. A Igreja parece suicidar-se, matar-se a si mesma.” (07/12/1972)
“Esperava-se que depois do Concílio houvesse um período resplandecente de sol para a história da Igreja. Pelo contrário, vieram nuvens, tempestade e trevas!” (18/08/1975)
“Neste momento há na Igreja uma grande inquietação. O que está em questão é a fé! O que me perturba quando penso no mundo católico é que, dentro do catolicismo, algumas vezes, parece dominar um pensamento não-católico; pode acontecer que este pensamento não-católico, dentro do catolicismo, amanhã seja a força maior na Igreja, mas nunca será a Igreja!” (08/08/1977) Preocupante…sobretudo na boca de um papa…
No 15º ano de pontificado, Paulo VI empenhou-se na pacificação do mundo. Institui um Dia mundial da Paz no 1º de Janeiro de cada ano, e fez-se apóstolo da paz em 9 viagens apostólicas internacionais, que passaram por Portugal, e que o levaram assim a todos os continentes. “Nunca mais a guerra, numa mais a guerra! É a paz, é a paz que deve guiar a sorte dos povos e de toda a humanidade!” (04/10/1965 nas Nações Unidas). Paulo VI é o 1º Papa que viajou de avião.
O Papa Montini preocupou-se também com o sofrimento das nações africanas dilaceradas pela miséria. Em 1967 publicou a encíclica “Populorum progressio”. “O desenvolvimento é o novo nome da paz”. Mas há-de ser um “desenvolvimento integral”, visando “a promoção de cada homem e do homem todo.”
A publicação em 1968 da “Humanae vitae”, centrada sobre o amor conjugal responsável, publicada em pleno ano de contestação nas sociedades ocidentais, fez do Santo Padre objecto, até no interior da Igreja, de críticas cáusticas, que por vezes degeneraram em insultos. O Papa Montini que tomava uma posição pesada e longamente meditada com esta encíclica, exprimia-se assim: “A nossa palavra não é fácil, não é conforme a um uso que hoje em dia se vai difundindo como cómodo e aparentemente favorável ao amor e ao equilíbrio familiar. Queremos recordar que a norma por nós reafirmada não é nossa, mas é própria das estruturas da vida, do amor e da dignidade humana.” (04/08/1968)
Promotor da “civilização do amor”, Paulo VI empenhou-se no diálogo ecuménico, na convicção de que, só unidos, os cristãos poderiam ser factor de reconciliação entre os povos. Histórico é o seu encontro em Jerusalém com o Patriarca de Constantinopla em 1964. No ano seguinte é revogada a excomunhão que as duas Igrejas tinham cominado uma à outra em 1054. Passos em frente se deram também no diálogo com os anglicanos. Em 1966, Paulo VI encontrou-se com o arcebispo de Cantuária. Três anos depois, em Genebra, visitou o Conselho Ecuménico das Igrejas.Em 1978, nos últimos meses de sua vida, o Papa Montini viveu momentos dramáticos com o rapto e assassinato de seu amigo Aldo Moro pelas “Brigadas Vermelhas”, bem explícitos nas palavras trágicas que Ele proferiu numa oração de sufrágio pela alma do político italiano: “Meu Senhor, escutai-nos; quem pode ouvir o nosso clamor senão Vós, ó Deus da vida e da morte? Vós não atendestes as nossas súplicas para o salvamento de Aldo Moro, este homem, bom, humilde, prudente, inocente e amigo.”
De entre muitos frutos do seu ministério petrino, recorda-se a reforma litúrgica na sequência do Concílio Vaticano II, a reforma da Cúria Romana e a celebração do Ano jubilar de 1975. A 29 de Junho de 1978, a pouco mais de um mês de sua morte, Paulo VI afirmava como São Paulo, ter combatido o bom combate do Evangelho:
“O nosso ofício é o mesmo de Pedro, ao qual Cristo confiou o mandato de confirmar os seus irmãos: é o ofício de servir a verdade da fé… Eis, irmãos e filhos, o desejo incansável, vigilante, esgotante, que nos moveu nestes quinze anos de pontificado. ‘Fidem servavi’!...'Conservei a fé!' podemos dizer hoje, com a humilde e firme consciência de nunca ter atraiçoado a santa verdade”.


Quando penso no pontificado do Papa Paulo VI, penso sempre no peso…no fardo…que deve ser, ser Sucessor de São Pedro, Vigário de Cristo na Terra…
Tenhamos sempre presente nas nossas orações o Santo Padre!

1 comentário:

Maria João disse...

É verdade! Rezamos muito, mas nem sempre pelo Santo Padre e por quem se consagrou a Cristo.


beijos em Cristo e Maria