terça-feira, 17 de junho de 2008

"Credo do Santíssimo Sacramento"

Nesta semana do Congresso Internacional Eucarístico no Quebec, convido cada um a ler e a meditar a célebre obra de São Tomás de Aquino (1225-1274): “Lauda, Sion, Salvatorem”, sequência litúrgica para a missa de Corpo de Deus.
São Tomás é o autor do “Ofício do Santíssimo Sacramento” e de algumas orações e cânticos relativos à Eucaristia, também muito famosos, como o “Pange língua/Tantum ergo”, “Panis Angelicum”, "Adoro Te devote", etc…
Verdadeiro hino de louvor e de amor à presença real de Cristo no Santíssimo Sacramento, o “Lauda, Sion, Salvatorem” define clara e rigorosamente o que devemos acreditar do mistério eucarístico. É um hino catequético que podemos muito bem apelidar de “Credo do Santíssimo Sacramento”.


Sião louva o teu Salvador,
louva o teu chefe e pastor
com os teus cânticos e hinos.

Não temas em fazê-lo,
pois nunca é demais louvá-l’O,
Ele que excede todo o louvor.

O Pão vivo que dá vida,
é para nós, hoje, apresentado
como digno de ser louvado.

É o Pão que, na verdade,
na mesa da Ceia Sagrada,
aos doze foi distribuído.

Louvemo-l’O com júbilo,
com alegria do coração,
com amor e devoção.

Neste tão solene dia,
celebremos com alegria,
a instituição do banquete divino.

Na mesa do novo rei,
a Páscoa da nova Lei
à Páscoa antiga põe fim.

Cede ao novo, o velho rito,
o oculto é revelado,
a noite tornou-se dia.

O que Cristo fez na Ceia,
mandou que em sua memória
pelos tempos se fizesse.

Seguindo o seu mandamento,
consagramos pão e vinho
em vítima de salvação.

É dogma para o cristão,
que em Corpo, torna-se o pão,
e que em Sangue, torna-se o vinho.

Para além da ordem natural,
o que não se entende e não se vê,
o proclama a nossa fé.

Os dois humildes sinais
escondem uma realidade
de sublime divindade.

No Corpo que nos alimenta,
no Sangue que nos sacia,
está Cristo por inteiro.

Todo inteiro se recebe.
Não O quebra, nem O divide,
todo aquele que O consome.

Come-O um, comem-n’O mil,
tanto este como aquele
mas nem por isso O aniquilem.

Para desigual sorte,
para a vida ou para a morte,
bons e maus O consomem.

Que efeitos diferentes,
para o mesmo alimento:
para os maus, ele é a morte,
para os bons, ele é a vida!

Não duvidas, acredita!
Que na hóstia repartida
em diversos fragmentos,
está Cristo completo.

Nada em Cristo é dividido,
nem sequer diminuído,
nem em forma, nem em estado,
somente a hóstia é quebrada.

Eis aqui o Pão dos anjos,
pão do homem no caminhar.
Dos filhos pão verdadeiro,
que aos cães não se pode dar.

Desde há muito prefigurado,
em Isaac sacrificado,
no pascal cordeiro imolado,
no maná aos nossos pais doado.

Bom Pastor, pão verdadeiro,
de nós, tende piedade!
Alimentai-nos e protegei-nos.
Os bens eternos revelai-nos.

Tudo sabeis e tudo podeis,
Vós que na terra sois alimento.
No banquete celeste aceitai-nos
na companhia dos vossos eleitos.
Ámen.


A tradução do hino é minha.

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