segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Em solidão face ao Deus amado

No próximo 21 de Novembro, festa da Apresentação de Nossa Senhora ao Templo, a Igreja comemora o dia dos consagrados contemplativos; «muito devemos a estas pessoas que vivem do que a Providência lhes concede mediante a generosidade dos fiéis. O mosteiro, como oásis espiritual, indica ao mundo de hoje o mais importante, mais ainda, a final a única coisa decisiva: existe uma razão última pela qual vale a pena viver, que é Deus e seu amor insondável» (Bento XVI no Ângelus 18/11/07)
Monges, monjas, religiosas contemplativas…homens e mulheres fascinados pelo absoluto do Amor, foram um dia atraídos por Cristo que os convida a deixar tudo para segui-Lo, e assim vivem só para Deus, numa comunidade vinculada pela caridade, através de uma vida quotidiana ritmada pela oração, a escuta da Palavra de Deus e o trabalho.
Misteriosamente, no coração da Igreja e do mundo, eles participam nas alegrias e nas penas dos homens… na luta diária do homem.
Absorvidos por uma vida activa, os cristãos que permanecem no mundo, podem também eles procurar cada dia um tempo de recolhimento para se afastar das suas preocupações e actividades, e colocar-se em solidão face ao Deus amado. Pela contemplação e na caridade, eles entrarão nesta corrente incessante de louvor e de súplica que se eleva até Deus, em comunhão com os irmãos e as irmãs retirados nos seus mosteiros.





“E agora, homem do nada, foge por um momento das tuas tarefas, esconde-te dos teus pensamentos tumultuosos. Afasta agora as tuas pesadas preocupações, e põe para mais tarde as tuas tensões laboriosas. Vai ter um pouco com Deus, descansa um pouco n’Ele. Entra na cela da tua alma, tira de lá tudo, fica com Deus e aquilo que te pode ajudar a encontrá-l’O; porta fechada, procura-O. Diz agora de todo o coração, diz agora a Deus:

‘Procuro a tua face,
a tua face, Senhor, eu procuro.
Tu, Senhor meu Deus,
ensina o meu coração onde e como Te procurar,
onde e como Te encontrar.
Senhor, se não estás aqui,
onde Te procurarei ausento?
E se estás em todo o lugar,
porque não Te vejo presente?
Mas certamente habitas a luz inacessível.
Onde está a luz inacessível?
Como alcançarei a luz inacessível?
Quem me conduzirá e me introduzirá nela para eu Te ver?
Com que sinais, qual face devo procurar? (…)
Ensina-me a procurar-Te,
mostra-Te a quem Te procura,
pois não posso procurar-Te se não me ensinas,
nem Te encontrar se não Te mostras.
Que eu Te procure desejando,
que eu deseje procurando.
Que eu encontre amando,
que eu ame encontrando'.”


S. Anselmo de Cantuária

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