quinta-feira, 5 de abril de 2007

Peregrinação a Jerusalém 1ª parte

Nos finais do século IV, os peregrinos chegam à Terra Santa dos quatros cantos do mundo cristão. Entre eles, Etéria, que deixou o testemunho escrito da sua peregrinação. Dois terços do manuscrito foram perdidos, daí saber-se pouco dela, senão que ela visitou a Terra Santa entre 381 e 384, vindo da Galiza ou da Aquitánia.
Como todos os peregrinos, Etéria deseja seguir os passos de Cristo. Ela deseja reviver pela oração, a história da Salvação nos sítios onde se realizaram.
A narração de Etéria esteve perdida durante 700 anos. A única cópia ainda existente do manuscrito era do século XI e conservado em Arezzo, onde, esquecida, foi redescoberta em 1884.
Hoje e amanhã, convido-vos a ler o testemunho de Etéria sobre o Tríduo Pascal na Jerusalém do século IV.


«Na Quinta-feira Santa, às duas horas da tarde, reunimo-nos na grande igreja. Aí, o bispo celebrou a missa uma primeira vez. Às quatro horas, fomos perto da capela da Cruz. O bispo celebrou uma segunda vez a missa, e toda a gente comungou. Depois, na igreja da Ressurreição, o bispo fez uma oração especial para os catecúmenos que serão baptizados na noite de Páscoa. Era perto das seis horas quando regressámos a casa.

Comemos apressadamente. Logo depois, subimos até à igreja do Jardim das Oliveiras. Ficámos lá até à meia-noite. Cantámos, rezámos, ouvimos os trechos do evangelho que narram o último diálogo de Jesus com seus amigos.
À meia-noite, subimos até ao cume do Monte das Oliveiras, à igreja da Ascensão. Ficámos lá em oração até o cantar do galo.
Quando o galo cantou, iniciámos a descida lentamente. Na igreja do Jardim das Oliveiras, escutámos o evangelho que conta as longas horas de oração que Jesus passou neste jardim antes da sua Paixão.

Depois, continuámos a descida, todos a pé, pequenos e grandes. Íamos vagarosamente porque todos estavam cansados. Ainda era noite escura. Chegámos ao lugar onde Jesus foi preso. Havia pelos menos duzentos archotes que alumiavam. Ouvimos o relato da captura de Jesus. Ninguém conseguia conter as lágrimas. Eram clamores e gemidos que se faziam ouvir de longe.
Descemos para a cidade. Chegámos à porta da cidade à hora em que se começou a distinguir os vizinhos. No interior da cidade, toda a gente, preparada, estava lá, pequenos e grandes, ricos e pobres. Fomos à capela da Cruz, e ouvimos o evangelho que narra o julgamento de Jesus diante de Pilatos. Começava a ser mesmo dia. O bispo instigou-nos: “Ide descansar um pouco, cada um em sua casa! Voltai às oito horas para prestar homenagem à cruz de Jesus”. »


Fotos: actuais igrejas do Santo Sepulcro e da Ascensão

1 comentário:

Elsa Sequeira disse...

Olá Sedente!
Amei este momento!

Uma Santa Páscoa para ti!
Bj


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