quinta-feira, 17 de julho de 2008

A tarefa de testemunha não é fácil

«Queridos amigos, em casa, na escola, na universidade, nos lugares de trabalho e de diversão, recordai-vos que sois criaturas novas. Não vos limiteis a viver cheios de assombro na presença do Criador, alegrando-vos pelas suas obras, mas tende presente que o alicerce seguro da solidariedade humana está na origem comum de toda a pessoa, o cume do desígnio criador de Deus sobre o mundo. Como cristãos, encontrais-vos neste mundo sabendo que Deus tem um rosto humano: Jesus Cristo, o “caminho” que satisfaz todo o anseio humano e a “vida” da qual somos chamados a dar testemunho, caminhando sempre na sua luz.
A tarefa de testemunha não é fácil. Hoje, há muitos que pretendem que Deus deva ficar de fora e que a religião e a fé, embora aceitáveis no plano individual, devam ser excluídas da vida pública ou então utilizadas somente para alcançar determinados objectivos pragmáticos. Esta perspectiva secularizada procura explicar a vida humana e plasmar a sociedade com pouco ou nenhum referência ao Criador. Apresenta-se como uma força neutral, imparcial e respeitadora de todos e cada um. Na realidade, porém, como qualquer ideologia, o secularismo impõe uma visão global. (…)
A experiência demonstra que o afastamento do desígnio de Deus criador provoca uma desordem com inevitáveis repercussões sobre o resto da criação. Quando Deus fica eclipsado, começa a esmorecer a nossa capacidade de reconhecer a ordem natural, o fim e o «bem». (…)

Queridos amigos, a criação de Deus é única e é boa. As preocupações com a não-violência, o progresso sustentável, a justiça e a paz, o cuidado do nosso ambiente são de importância vital para a humanidade. Tudo isto, porém, não pode ser compreendido prescindindo duma reflexão profunda sobre a dignidade congénita de cada vida humana desde a sua concepção até à morte natural, uma dignidade que lhe é conferida pelo próprio Deus e, por conseguinte, inviolável. O nosso mundo está cansado da ambição, da exploração e da divisão, do tédio de falsos ídolos e de respostas parciais, e da mágoa de falsas promessas. O nosso coração e a nossa mente anelam por uma visão da vida onde reine o amor, onde os dons sejam partilhados, onde se construa a unidade, onde a liberdade encontre o seu próprio significado na verdade, e onde a identidade seja encontrada numa comunhão respeitosa. Esta é obra do Espírito Santo. Esta é a esperança oferecida pelo Evangelho de Jesus Cristo. Foi para dar testemunho desta realidade que fostes regenerados no Baptismo e fortalecidos com os dons do Espírito no Crisma. Seja esta a mensagem que de Sydney levareis pelo mundo!»


Bento XVI na festa de acolhimento dos jovens, 17/07/2008

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