terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Deserto e monte

Há já alguns dias que, tomando com Jesus o caminho do deserto, caminhamos para a Páscoa.
O deserto é uma experiência:
- de descoberta de nós próprios, da nossa fragilidade;
- de encontro com Deus.
É também ponto de partida para uma nova missão.
Podemos encontrar algumas semelhanças entre a experiência do deserto e aquilo que nos proporciona a subida de um monte, recordando ainda o Evangelho da Transfiguração do 2º Domingo da Quaresma.


Desde sempre, o monte é associado a crenças religiosas.
A montanha transmite poder, força, eternidade.
Ao subí-la, o céu, habitual residência de Deus, fica mais perto.
Por isso, na tradição bíblica, o monte é lugar de encontro com Deus, lugar de culto e de revelação.
No monte do Horeb e no Sinai, Moisés ouve o apelo de Deus na sarça ardente, e recebe as tábuas da Lei como sinal de aliança.
O profeta Elias também sobe à montanha para receber a revelação de Deus, já não no meio de trovões mas num vento suave.
No Evangelho, Jesus retira-se frequentemente para o monte afim de rezar.
É também lá que Ele se revela: não cedendo à tentação do poder, ensinando a nova lei das bem-aventuranças, e aparecendo transfigurado a Pedro e aos irmãos Zebedeu.
Perto da sua Paixão, é no monte das Oliveiras que Cristo se recolhe, e é no Calvário, pequena colina, que Ele morre.
É ainda do monte que Jesus envia os discípulos em missão.

Nesta Quaresma, subamos também ao monte, onde Deus se revela, procurando nele um pouco de frescura e de calma, um lugar onde possamos meditar, orar, abrir-nos à presença divina.
Quem sobe adivinha o esforço que o espera. Não vai ser fácil, mas a visão do alto já o habita.
Quem sobe, sabe que não pode ir muito carregado, ou cansará depressa, e que só deve levar o essencial.
Um bom guia é certamente necessário, e este guia é Jesus, mais ainda, o próprio Jesus é o cume para onde o caminhante se dirige.
Como o deserto, a subida do monte é caminho de conversão, onde o esforço, a procura do essencial e a graça divina permitem chegar à meta.


"Quem poderá subir à montanha do Senhor?
O que tem as mãos inocentes e o coração limpo,
o que não ergue o espírito para as coisas vãs."
(Salmo 24)

2 comentários:

Maria João disse...

Por que temos tanto medo do deserto? É nele que ouvimos mais a palavra do Pai...


beijos em Cristo

sedente disse...

pois, mas é também lugar de luta, de tentação...não é fácil.
É necessário recorrer constantemente a Cristo.