segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Onde estava Deus naqueles dias?

A alguns meses do fim da II Guerra Mundial, a 27 de Janeiro de 1945, perto de 7500 prisioneiros, pesando entre 23 e 35 kg, foram libertados pelo Exército Vermelho, do Campo de Concentração de Auschwitz-Birkenau (Polónia).
Estima-se que entre um milhão e um milhão e meio de pessoas morreram lá, na grande maioria judeus, mas muitos cristãos também sucumbiram em Auschwitz, principalmente padres polacos.
São Maximiliano Kolbe, um sacerdote que deu a sua vida afim de salvar a de um prisioneiro; Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein), uma brilhante filósofa nascida na Alemanha, convertida do judaísmo ao catolicismo, que abraçou a vida religiosa no Carmelo, fazem parte das vítimas desta autêntica fábrica de morte da Alemanha Nazi.
Os homens não podem esquecer esta triste página da história da humanidade.

«Quantas perguntas surgem neste lugar! Sobressai sempre de novo a pergunta: Onde estava Deus naqueles dias? Por que Ele silenciou? Como pôde tolerar este excesso de destruição, este triunfo do mal? (…)
Nós não podemos perscrutar o segredo de Deus, vemos apenas fragmentos e enganamo-nos se pretendemos eleger-nos juízes de Deus e da história. Não defendemos, nesse caso, o homem, mas contribuiremos apenas para a sua destruição. Não em definitiva, devemos elevar um grito humilde mas insistente a Deus: Desperta! Não te esqueças da tua criatura, o homem! (…)
Nós gritamos a Deus, para que impulsione os homens a arrepender-se, para que reconheçam que a violência não cria a paz, mas suscita apenas outra violência uma espiral de destruição, na qual todos no fim de contas só têm a perder. (…)
A humanidade atravessou em Auschwitz-Birkenau um "vale escuro".
Por isso desejo, precisamente neste lugar, concluir com a oração de confiança com um Salmo de Israel que é, ao mesmo tempo, uma oração da cristandade:
"O Senhor é o meu pastor: nada me falta.
Em verdes prados me fez descansar
e conduz-me às águas refrescantes.
Reconforta a minha alma
e guia-me por caminhos rectos,
por amor do seu nome.
Ainda que atravesse vales tenebrosos,
de nenhum mal terei medo
porque Tu estás comigo.
A tua vara e o teu cajado dão-me confiança...
habitarei na casa do Senhor para todo o sempre"
(Sl 23, 1-4.6)



Bento XVI, na visita ao Campo de Concentração de Auschwitz-Birkenau, 28/05/2006




Em Auschwitz, um soldado polaco, Stefan Jasienski, gravou uma imagem do Sagrado Coração de Jesus nas paredes de sua cela. Retratou-se a si próprio nesta gravura, olhando para o Coração trespassado de Cristo e com os braços à volta da cintura de Jesus. Provavelmente foi morto no acampamento.

1 comentário:

Paulo disse...

Uma gravura que espelha a fé do soldado. A fé de que Cristo o salvaria...de alguma maneira. Quem sabe, a morte fisica o salvou de algo mas, fica a questão do porquê de milhares de mortes e o "silêncio" de Deus. Hoje, vemos que o povo israelita, aos poucos (infelizmente) está a tornar-se naqueles que os oprimiram à décadas. Enfim...que Deus nos ajude!