segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Caridade e justiça social

«Nos nossos dias, o problema da pobreza e do sofrimento tornou-se preocupação de todos.
Já não é possível fechar os olhos, face à miséria que existe em toda a parte do mundo, mesmo nas nações mais ricas.
O cristão tem de enfrentar o facto de que esta desgraça indescritível não é de modo algum “a vontade de Deus”, mas o efeito da incompetência, da injustiça e da confusão económica e social do nosso mundo em desenvolvimento acelerado.
Não é para nós suficiente ignorar tais coisas, justificando-nos com a nossa impotência e a incapacidade de fazer algo construtivo nesta situação. É um dever de caridade e de justiça para cada cristão ter uma preocupação activa, para tentar melhorar a condição do homem no mundo.
No mínimo, esta obrigação consiste em tornar-se consciente da situação e formar a própria consciência em relação aos problemas que existem. Não se pretende que a pessoa resolva os problemas do mundo; mas deve saber quando pode fazer alguma coisa para aliviar o sofrimento e a pobreza, e compreender quando está a cooperar implicitamente com males que prolongam ou intensificam o sofrimento e a pobreza. Por outras palavras, a caridade cristã só é verdadeira, se acompanhada pela preocupação com a justiça social.(…)



Podemos imaginar que toda esta doença e sofrimento estão há muito afastados do nosso país, mas se olharmos e compreendermos as nossas obrigações face à África, América Latina e Ásia não seremos tão complacentes. Contudo, não precisamos de olhar para tão longe das nossas próprias fronteiras. Encontramos muita miséria humana nos bairros pobres das nossas cidades e nas zonas rurais menos privilegiadas. O que é que estamos a fazer neste sector?»


Thomas Merton (1915-68),
monge trapista, escritor e mestre espiritual;
em Vida e Santidade

1 comentário:

Maria João disse...

É bom sentirmo-nos interpelados por estas palavras. Ser cristão implica necessariamente caridade. Não podemos dizer que somos cristãos se não amamos os outros em oração, palavra e acção, como dizia ST.ª Teresinha. Ser cristão é seguir Jesus. Ele orou, falou, agiu... Não bastou ter fé e ir à sinagoga.

Connosco deve ser o mesmo. Sei que pareço dura nas palavras. Mas, é isto que está no Evangelho. "Quem diz que permanece em Deus também deve caminhar como Ele caminhou." (1Jo 2, 5)

Há muita coisa que podemos fazer. Basta abrirmos os olhos. Deus pede a cada um consoante aquilo que Ele consegue dar. Então, porque temos medo de dar e amar como Jesus nos ama?

beijos em Cristo