quarta-feira, 4 de julho de 2007

O homem das oito bem-aventuranças

Hoje é dia de Santa Isabel de Portugal, mas prefiro falar de um jovem italiano do início do século XX, que no 4 de julho de há 82 anos, regressou para a casa do Pai, deixando um exemplo de entrega ao próximo por amor de Deus.

Natural de Turim, Pedro Jorge (Pier Giorgio) Frassati nasceu em 6 de abril de 1901, de pais ricos, mas quase sem vida religiosa. A mãe, Adelaide Ametis, era pintora; o pai, Alfredo Frassati, fundou o jornal “La Stampa” e destacou-se como senador e embaixador da Itália na Alemanha.
Espontaneamente o pequeno Frassati absorveu os ensinamentos do Evangelho mergulhando, por escolha pessoal, numa fé viva ao descobrir a força da presença de Jesus na Eucaristia. Passava horas em adoração diante do sacrário, ali encontrando sentido para sua vida.
Contra a vontade da família, o rapaz se inscreveu na Acção Católica. Um dia, na universidade onde estudava Engenharia de Minérios, perguntaram-lhe se ele era beato… “Não, sou cristão!”, respondeu ele com bondade. Em 1918, Pedro Jorge, dono de bela aparência e de físico de atleta – ele praticava alpinismo – inscreveu-se na Conferência de São Vicente de Paulo. Foi logo considerado um dos melhores confrades, o mais generoso nas ofertas, o que visitava mais famílias, o mais ponctual e o que mais observava a regra.
Luciana, sua irmã e confidente, revelou que o rapaz decidira viver no mais absoluto desprendimento. Em casa, ele era tido como um tolo por ser visto sempre com poucas liras no bolso porque, pensava, para ajudar as pessoas pobres devia dar, não o supérfluo, mas o necessário. Procurava convencer os outros a fazer o mesmo. Um amigo contou que Frassati o convidara para ser vicentino. Ele, porém, lhe disse que sentia dificuldade de entrar nas casas dos pobres, pois temia contrair doenças. Pedro Jorge, com muita simplicidade, respondeu-lhe que visitar os pobres era visitar Jesus.
Entre os sofrimentos de Pedro Jorge, merece ser lembrado o seu amor profundo por Laura Hidalgo, uma jovem de condição humilde, sentimento que ele teve de renunciar pelos preconceitos da família.
No fim de junho de 1925, quando começa a sentir enxaqueca e falta de apetite, ninguém lhe dá atenção porque a sua avó estava agonizante e ele parecia um rapaz robusto. Atingido por poliomielite fulminante, os pais, apavorados, perceberam a gravidade da doença mas já tarde.
Antes de morrer, Frassati pediu à irmã para buscar na escrivaninha uma caixa de injecções que não tinha conseguido entregar a um dos seus pobres e quis escrever um bilhete com as instruções e o endereço. Tentou, mas devido à paralisia só saiu um rascunho de letras quase incompreensível. É o seu testamento…as últimas energias para a última caridade. Faleceu em 4 de julho de 1925, aos 24 anos de idade.
Chamado de “O homem das oito bem-aventuranças” por João Paulo II durante a cerimónia da sua beatificação, em 20 de maio de 1990, o saudoso Papa fez uma tocante confissão: “Frassati era um jovem de uma alegria transbordante, uma alegria que superava também muitas dificuldades da sua vida porque o período juvenil é sempre um período de prova de forças... Também eu, na minha juventude, senti a influência de Pedro Jorge e, como estudante, fiquei impressionado com a força do seu testemunho cristão”.

3 comentários:

joaquim disse...

Ah Sedente, O Beato Pier Giorgio Frassati é um daqueles que me toca muito profundamente.
Viveu aquilo que se pode chamar uma vida normal.
Viveu com os operários, mas também namorou, até fumou e bebeu, com moderação.
Deu um verdadeiro testemunho de Cristona vida do dia a dia.
Ainda me toca mais porque nasci na mesma data 6 de Abril.
Obrigado por o trazeres ao conhecimento de tantos que o não conhecem.
A quem o quer conhecer melhor aconselho para já o livro: Pier Giorgio Frassati de Maria Di Lorenzo da coleção "Testemunhos e Profetas" das Edições Paulinas.
Abraço amigo em Cristo

Maria João disse...

Aqui está um exemplo de que todos nós somos chamados à evangelização, a promover o amor de Deus Pai. A levar o bem aos nossos irmãos em Cristo, sendo o Seu rosto e vendo o Seu rosto nos irmãos.

beijos em Cristo

juca2010 disse...

Creio que Deus opera naqueles que se deixam inudar pela a sua Misericórdia. Sou grato a Deus, por ter conhecido a história de frassati, e me apaixonar pelo seu testemunho de vida. O ser Igreja, não anula o ser Jovem. peço a Deus, para que possa fazer da minha juventude, um degrau para minha Santidade.