segunda-feira, 11 de junho de 2007

São Barnabé e Chipre

Hoje, a Igreja faz memória de São Barnabé apóstolo, companheiro de São Paulo na pregação do Evangelho aos gentios. Natural da Ilha de Chipre, ali também morreu segundo a tradição. A festa litúrgica de São Barnabé é assim uma oportunidade para falar hoje da presença do Catolicismo nesta Ilha do Mediterrâneo, e de ler uma das catequeses de Bento XVI que tratou deste santo, num conjunto de ensinamentos sobre as figuras dos primórdios da Igreja a que o Santo Padre consagrou as audiências de quarta-feira no inicio do ano 2007.

A presença da Igreja Católica na ilha do Chipre é diminuta, dado que 78% da população pertence à Igreja Ortodoxa da Grécia e outros 18% são muçulmanos. No total de 800 mil habitantes, apenas 13 mil são católicos, o que representa uma percentagem de 1, 28%.
Por tudo isto, a presença da Igreja no país não tem um grande impacto na sociedade e está mais limitada à celebração litúrgica, dentro das comunidades católicas, de tradição maronita – a única das igrejas católicas orientais, que não tem uma facção separada de Roma. Uma arquieparquia (divisão eclesiástica correspondente à nossa arquidiocese) e 13 paróquias espalham-se pelos 9 mil km2 da ilha, contando apenas com 12 padres e 50 religiosos.



«“Barnabé significa "filho da exortação" (Act 4, 36) ou "filho da consolação" e é sobrenome de um judeu-levita originário de Chipre. Tendo-se estabelecido em Jerusalém, ele foi um dos primeiros a abraçar o cristianismo, depois da ressurreição do Senhor. Com grande generosidade vendeu um campo de sua propriedade entregando a quantia aos Apóstolos para as necessidades da Igreja (cf. Act 4, 37). Foi ele quem se fez garante da conversão de Saulo junto da comunidade cristã de Jerusalém, a qual ainda desconfiava do antigo perseguidor (cf. Act 9, 27). Tendo sido enviado a Antioquia da Síria, foi buscar Paulo a Tarso, onde se tinha retirado, e transcorreu com ele um ano inteiro, dedicando-se à evangelização daquela importante cidade, em cuja Igreja Barnabé era conhecido como profeta e doutor (cf. Act 13, 1). Assim Barnabé, no momento das primeiras conversões dos pagãos, compreendeu que tinha chegado a hora de Saulo, o qual se retirara para Tarso, sua cidade. Foi ali procurá-lo. Assim, naquele momento importante, quase restituiu Paulo à Igreja; deu-lhe, neste sentido, novamente o Apóstolo das Nações. Da Igreja antioquena Barnabé foi enviado em missão juntamente com Paulo, realizando o que classifica como primeira viagem missionária do Apóstolo. Na realidade, tratou-se de uma viagem missionária de Barnabé, sendo ele o verdadeiro responsável, ao qual Paulo se juntou como colaborador, chegando às regiões de Chipre e da Anatólia centro-meridional, na actual Turquia, com as cidades de Attalia, Perge, Antioquia de Psídia, Listra e Derbe (cf. Act 13-14). Juntamente com Paulo foi depois ao chamado Concílio de Jerusalém onde, depois de um aprofundado exame da questão, os Apóstolos com os Anciãos decidiram separar a prática da circuncisão da identidade cristã (cf. Act 15, 1-35). Só assim, no final, tornaram oficialmente possível a Igreja dos pagãos, uma Igreja sem circuncisão: somos filhos de Abraão simplesmente pela fé em Cristo.


Os dois, Paulo e Barnabé, entraram depois em contraste, no início da segunda viagem missionária, porque Barnabé tinha em mente assumir como companheiro João Marcos, mas Paulo não queria, tendo-se separado o jovem deles durante a viagem anterior (cf. Act 13, 13; 15, 36-40). Portanto, também entre santos existem contrastes, discórdias, controvérsias. E isto parece-me muito confortador, porque vemos que os santos não "caíram do céu". São homens como nós, com problemas também complicados. A santidade não consiste em nunca ter errado ou pecado. A santidade cresce na capacidade de conversão, de arrependimento, de disponibilidade para recomeçar, e sobretudo na capacidade de reconciliação e de perdão. E assim Paulo, que tinha sido bastante rude e amargo em relação a Marcos, no final encontra-se com ele. Nas últimas Cartas de São Paulo, a Filemon e na segunda a Timóteo, precisamente Marcos aparece como "o meu colaborador". Portanto, não é o facto de nunca ter errado que nos torna santos, mas a capacidade de reconciliação e de perdão. E todos podemos aprender este caminho de santidade. Em todo o caso Barnabé, com João Marcos, partiu para Chipre (cf. Act 15, 39) por volta do ano 49. Daquele momento em diante perdem-se os seus vestígios. Tertuliano atribui-lhe a Carta aos Hebreus, ao que não falta a plausibilidade porque, pertencendo à tribo de Levi, Barnabé podia ter interesse pelo tema do sacerdócio. E a Carta aos Hebreus interpreta-nos de modo extraordinário o sacerdócio de Jesus.” »


Audiência de Bento XVI a 31/01/2007

1 comentário:

Maria João disse...

Que sigamos o exemplo dos apóstolos. Este mundo bem precisa da Boa Nova de Deus.

O mundo está sedento do Pai, mas nem todos ainda o sabem. Cabe a nós, cristãos, mostrá-lo, como dizia S. Teresinha do Menino Jesus, com oração, palavra e acção.

beijos em Cristo