sexta-feira, 22 de junho de 2007

A exigência do amor ao próximo

«Os bens presentes, de onde vieram?
Se dizes que vêm da sorte, és um ateu porque não reconheces o Criador, e não percebes a vontade d’Aquele que te providenciou.
Se confessas que eles vêm de Deus, diz-nos a razão pela qual os recebestes.
Será Deus injusto, Ele que distribua de maneira desigual os bens necessários à vida?
Porque será este rico e aquele pobre?
Tu que cobres todos os teus bens nas pregas de uma insaciável avareza, pensas não prejudicar ninguém despojando tantos infelizes?
Quem é então o avarento? É aquele que não se contenta daquilo que lhe basta.
Quem é o espoliador? É aquele que desvia os bens dos outros.
E não és avarento?
Não és espoliador, tu que, dos bens que recebeste a administração, fazes teu próprio beneficio?
Aquele que despoja um homem de suas vestes será chamado de ladrão, e aquele que não veste a nudez do infeliz, podendo fazê-lo, não merece o mesmo nome?
Ao faminto pertence o pão que reservas;
ao homem nu, o manto que guardas nas malas;
aos descalços, as sandálias que apodrecem em tua casa;
ao necessitado, o dinheiro que conservas enterrado.
Assim cometas tantas injustiças como as pessoas a quem poderias dar.»

São Basílio (329 - 379), Padre da Igreja,
teólogo e escritor cristão do século IV,
considerado o fundador do monaquismo oriental.



«Se na minha vida negligencio completamente a atenção ao outro, importando-me apenas com ser “piedoso” e cumprir os meus “deveres religiosos”, então definha também a relação com Deus.
Neste caso, trata-se duma relação “correcta”, mas sem amor.
Só a minha disponibilidade para ir ao encontro do próximo e demonstrar-lhe amor é que me torna sensível também diante de Deus.
Só o serviço ao próximo é que abre os meus olhos para aquilo que Deus faz por mim e para o modo como Ele me ama.
Os Santos — pensemos, por exemplo, na Beata Teresa de Calcutá — hauriram a sua capacidade de amar o próximo, de modo sempre renovado, do seu encontro com o Senhor eucarístico e, vice-versa, este encontro ganhou o seu realismo e profundidade precisamente no serviço deles aos outros.
Amor a Deus e amor ao próximo são inseparáveis, constituem um único mandamento. Mas, ambos vivem do amor proveniente com que Deus nos amou primeiro.»


Bento XVI, Encíclica “Deus caritas est”



Foto: Visita de Bento XVI à “Fazenda da Esperança”, Centro de recuperação de jovens dependentes de drogas e álcool, Brasil, 12 de Maio 2007

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