terça-feira, 27 de março de 2007

Eucaristia: exigência de amor

O Padre Nicolas Buttet, fundador da Fraternidade Eucharistein, comenta de uma bela forma, o último documento papal sobre a Eucaristia “Sacramentum Caritatis”:

«O que é espantoso em Bento XVI, é como ele resumiu ou voltou a trazer todo o mistério cristão à sua própria essência, ao seu próprio coração, que está na Palavra de Jesus Cristo…o amor que Deus nos manifestou. A sua primeira encíclica foi “Deus é amor”, a sua exortação é sobre o Sacramento do Amor… (…)

O que não se entende hoje, é quanto este amor é exigente, e a Cruz é sinal desta exigência. Existe evidentemente uma herança que foi completamente esquecida: o testemunho dos mártires do século XX. São dezenas de milhões, os que foram fiéis à esta caridade até ao fim, num campo de concentração, em lugares difíceis. Creio que esta eucaristia que é loucura de amor, desconcerta, traz uma exigência extraordinária, significando que se há um celibato, uma exigência litúrgica, é porque o próprio amor é exigente. Ele é grande, belo, transfigura tudo, mas é exigente! (…)

É uma vez aceitando esta lógica que podemos então entender as exigências que daí procedem. Acabamos por reconhecer, quando as vivemos, o quanto elas nos embelezam e libertam; que o cristão, por fim, não escolha entra o fácil e o difícil, mas entre a dificuldade e o “difícil de outra maneira”, quer seja no matrimónio, que é uma forte exigência de viver dia após dia na fidelidade, quer seja no celibato, ele mesmo tão exigente, exigente de outra forma… e a exigência do amor é a única que pode mudar o mundo. (…)


Mas há uma inteligência do amor que deve ser descoberta, e não vem pelas teorias ou pelas palavras, mas pelo rosto d’Aquele que se suspendeu no madeiro da Cruz. E aí, vê-se até que ponto é amar até ao fim. O que relembra Bento XVI, é este grande movimento de amor que abraça o universo e o coração do homem, e no qual estamos todos chamados a entrar, levando nele a sua exigência. (…)

Para mim, esta exortação apostólica é luminosa, nesta perspectiva onde tudo provem do amor. Mas se o sentido do amor se perdeu, é claro que tudo isso não é só outra coisa do que uma série de disposições e de reajustes, ou centralizações como alguns médias afirmaram. Mas isto é perder de vista o impulso vital que anima todo o pontificado de Bento XVI: um amor vivo, vivificante, exigente, onde Amor e Verdade se abraçam, a única resposta à crise do mundo actual, à crise do coração do homem.»

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